Este texto foi escrito dentro do avião, no exato momento em que voava para Recife – PE, onde iria ministrar um treinamento para os profissionais locais. Eram 21 horas e 35 minutos do histórico 15 de março de 2015, dia em que o Brasil foi para rua lutar contra a corrupção e contra a falta de ética em nosso país.
Não vou, neste texto, falar da conjuntura política no Brasil, tampouco defender ou atacar o que se convencionou chamar de “direita” ou “esquerda”. Nosso blog não foi criado para isso.
Todavia, não posso deixar passar ileso este marco em nossa história. Como um corretor de imóveis visceral, reflito os movimentos que acontecem ao meu redor e tento avaliar como eles impactam em nosso mercado. Com este ato público e democrático que vivenciamos nos últimos dias não poderia ser diferente.
Sendo assim, o texto de hoje é um reflexo dos ecos desta manifestação alinhado ao meu exercício diário de enxergar soluções QR para o mercado imobiliário.
Vejo muitos falarem em corrupção, roubo, falta de ética, bandidagem, ganhos ilícitos, falta de transparência, entre tantas outras formas que atentam contra o bem comum, numa tentativa de rotular ou condenar o comportamento do outro.
Não concordo, contudo, que as pessoas devam se calar diante desses atos, afinal, a omissão nos torna condescendentes com a ilegalidade e a imoralidade. No entanto, neste momento em que os holofotes estão direcionados para esta temática da corrupção e da falta de ética no âmbito da nossa política, eu paro e faço uma introspecção no intuito de olhar para a minha profissão e para o meu mercado e, assim, provoco-me a questionar algumas práticas:
– Sou transparente com o cliente que me procura para um atendimento imobiliário?
– Passo todas as informações que ele precisa saber para fazer a melhor compra para ele e não o melhor negócio para mim?
– Os honorários recebidos são devidamente declarados à Receita Federal como manda a legislação brasileira?
– Ao anunciar um imóvel, cumpro o meu dever de inserir o CRECI?
– Conheço e pratico o Código de Ética que rege a minha profissão de Corretor de Imóveis?
– Jamais ligo para outra imobiliária me passando por um cliente para tentar “roubar” uma captação anunciada, “queimando”, assim, a vez do meu colega corretor?
– Respeito e cumpro as normas da empresa em que presto serviço e sou parceiro?
– Jamais retiro a placa de um outro corretor e/ou imobiliária sem antes comunicá-los?
– Só anuncio imóvel com a devida autorização por escrito do proprietário?
– Se me comprometo a dar um “agrado” ao porteiro que me passou uma captação (ou agenciamento), honro com minha palavra?
– Jamais faço venda “por fora” da empresa que presto serviço?
– Informo verdadeiramente ao meu cliente no ato da compra como os índices de correção (por exemplo: INCC e/ou IGPM) impactarão nas prestações e saldo devedor do imóvel adquirido?
– Se um cliente vendedor e/ou comprador me propõe um “por fora” eu me “vendo” e digo que a venda “caiu” para empresa que presto serviço?
Poderia ficar aqui enumerando milhões de perguntas, ou melhor, milhares de práticas reais que acontecem frequentemente no mercado imobiliário. Contudo, acredito que as questões acima são suficientes para voltar à minha reflexão sobre ética e corrupção no mercado imobiliário.
Compartilho ao lado um depoimento de um cliente sobre o corretor de imóveis:
Meu propósito é colocar o dedo na ferida é convidá-lo a mudar o nosso país começando pelo nosso mercado. E VOCÊ, é o agente da mudança.
Não basta apenas irmos para rua de cara pintada, gritando palavras de ordem, se em nosso dia a dia não cumprirmos com a nossa obrigação legal de corretor de imóveis. Não se trata apenas de exercemos a nossa carreira com profissionalismo, mas também de exercer a nossa cidadania e demonstrar com práticas reais o nosso empenho de contribuir para um mercado forte e valorizado.
É muito simples e confortável assumirmos a posição de inquisidor e apontar os erros dos outros apenas, enquanto que com nossas ações diárias praticamos “pequenas corrupções”.
E não adianta tentar minimizar a falta de ética que também presenciamos em nossa profissão dizendo: “todos fazem e é por isso que eu faço também, não posso ser o único otário da roda” ou ainda, “os políticos prejudicam milhões de brasileiros e eu vou apenas me beneficiar um pouquinho e a empresa/cliente nem vai perceber ou sentir falta”.
CUIDADO! Você pode estar se tornando “um deles”.
É por causa deste tipo de pensamento e de prática que o famoso e pejorativo “jeitinho brasileiro” alcança escalões cada vez mais altos da nossa sociedade, impactando os rumos do país, do mercado e da nossa vida.
O gigante que tanto queremos que acorde, deve primeiramente despertar dentro de nós. Quem faz o nosso país (entenda, o nosso mercado) somos nós, corretores de imóveis. Sua ATITUDE é a melhor arma. Suas ações devem convergir com suas palavras.
Conhece aquele ditado que “a oportunidade faz o ladrão”? Eu discordo TOTALMENTE dela. Ladrão é ladrão em qualquer situação. Na oportunidade, ele simplesmente potencializa aquilo que já é.
Por isso te convido a provocar-se também pelos questionamentos acima. Responda-os com a maior consciência e responsabilidade, pois suas respostas serão seus indicadores de profissionalismo, de ética e de aversão à corrupção. Pra mim, são exatamente essas respostas que me dão condições de ir para rua de peito aberto gritar por um país melhor. Gritos devem ecoar sentimentos e práticas verdadeiras e não vozes vazias jogadas ao vento.
E aí, “cara pintada”, ficou reflexivo, indignado ou concordou com o que escrevi?
Sua resposta é um grande indicador da sua disposição de mudar a sua realidade em todos os âmbitos da sua vida, seja no nível macro da política nacional ou no nível particular da sua história.
Não precisamos de mais leis, de mais palavras ou de mais gritos de indignação. Precisamos apenas que sejam cumpridas as leis já existentes. A revolução começa por nós mesmos.
Você pode ter certeza de uma coisa: EU VOU MUDAR O MERCADO. Um basta aos pseudocorretores, um basta ao pseudobrasileiros.
Está insatisfeito? VÁ EMBORA! Eu vou ficar e agir de maneira lícita para mudar o meu país, o meu mercado. O Brasil não é dos políticos, o mercado imobiliário não é dos presidentes de entidades e afins. O Brasil e o mercado são meus, são seus e é de quem acredita e age rumo à VERDADEIRA ética e transparência. E eu não vou desistir.
Te encontro no pódio!
Ops…
Dessa vez não. Te encontro no BRASILLL!!!
Podemos fazer diferente, podemos fazer melhor. #quebreasregras
Receba as nossas novidades, dicas sobre negociações, reflexões e tendências do Mercado Imobiliário!
Assine nossa NEWSLETTER e fique por dentro das notícias do setor, diariamente! Inscreva-se, também, em nosso CANAL NO YOUTUBE.
Esse conteúdo é publicado sob a licença Attribution-Noncommercial-No Derivative Works 3.0 Unported.