Um estudo realizado na Universidade de Campinas (Unicamp), constatou que quanto maior a renda dos moradores, menos eles utilizam a área de lazer dos condomínios.

Foram entrevistadas 64 famílias de três condomínios em Guarulhos, na Grande São Paulo, divididas de acordo com a faixa de renda: de R$ 3 mil a R$ 6 mil reais e acima de R$ 6 mil reais. Além disso, a pesquisadora fez a análise de plantas e da documentação dos condomínios.

“É um estudo de caso, que indica uma tendência”, explica a pesquisadora, Gislaine Cristina Villela Araújo, arquiteta e autora do estudo.

Dentre os condomínios analisados, no de menor renda, 87% dos entrevistados usavam os espaços coletivos. No de maior renda, apenas 50% afirmaram frequentá-los.

Paradoxalmente, é entre os empreendimentos voltados à população de maior poder aquisitivo que as áreas de lazer são privilegiadas. Piscinas com raias, espaços gourmet, salas de cinema, estúdios de ensaios para bandas, spas e outros itens constituem os benefícios dos condomínios mais luxuosos e menos aproveitados.

Os espaços mais utilizados são a piscina e o salão de festas. No entanto, afirma Gislaine, a tendência é aumentar a oferta de espaços livres e de uso coletivo e favorecer menos a área útil dos apartamentos.

Mesmo não usufruindo de todos os serviços, os moradores reconhecem a importância deles, principalmente em relação à valorização do imóvel, mesmo com o custo de manutenção. No universo da amostra, 90% disseram que a existência destes espaços de uso coletivo valoriza o imóvel e 70% afirmaram que o custo vale a pena.

Segundo a arquiteta, a falta de tempo, causada principalmente pela dedicação ao trabalho e envolvimento com outras atividades, além da opção por famílias menores, com menos filhos, influenciariam na baixa utilização desses espaços.

O estudo também constatou que os moradores de menor renda utilizam os espaços de lazer com mais frequência, ainda que essas áreas tenham metragem reduzida e sejam de menor qualidade. Eles apontaram também o desejo de que os espaços de convívio comum sejam ampliados.

A pesquisa foi conduzida pelo programa de Pós-Graduação de Arquitetura, Tecnologia e Cidade da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC).

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Post originalmente publicado em Folha.com.

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5 comments
  1. Eu tenho amigos nos dois segmentos. Enquanto no de alta renda as pessoas são mais introspectivas, não costumam usar de intimidade com seus vizinhos, recebem poucas visitas, trabalham em casa depois do expediente e finais de semana (normalmente quem utiliza a piscina é a esposa que não trabalha), os de menor renda fazem questão de se “enturmar”, fazer do condomínio uma grande família, com tudo de bom e ruim que isso possa acarretar. Fazem questão de serem festivos e convidar pessoas de fora do condomínio para o “famoso churrasco de fim de semana”, extensivo à toda a família (do convidado). Talvez façam questão de mostrar que compraram um apartamento com muito esforço e agora usufruem de tudo o que têm direito.
    Mas segundo o texto acima, se invertermos os papéis, aumentando a área de lazer do segundo segmento em detrimento do seu espaço de moradia, e restringindo a área de lazer do primeiro, acredito que arrumaremos uma briga de foice, com direito a inimizades/insatisfações seculares.
    Cordiais saudações,
    Fernando J Almeida

  2. Grrrrraaaannnde Guilherme! Chico ( o Buarque) e Dominguinhos vaticinaram: “Quem é rico mora na praia, mas quem trabalha não tem onde morar…” Rico vai à piscina na casa do Senador que vai na casa do Lobysta que vai na casa do empreiteiro (scotch 18 anos em diante, em iate, pela aí)ou praia particular, traslado de helicoptero! Apt. 400m² em diante..

    Churrascão com cerveja gelada e pagode é para “condominio club” 65m² preço médio R$ 300mil!
    Cest la vie…

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