SÃO PAULO – A inflação medida pelo IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado), usada para corrigir os contratos de aluguel, acelerou nos últimos meses, impulsionada pela alta do dólar e pelo encarecimento dos preços no atacado. De acordo com dados da FGV (Fundação Getúlio Vargas), responsável pelo cálculo do índice, na primeira leitura de agosto, o IGP-M ficou em 1,21%, acumulando uma elevação de 5,84% no ano e de 7,49% nos últimos doze meses, bem acima da inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).

Se para os consumidores esta não é exatamente uma boa notícia, para os investidores pode ser uma oportunidade de ganhar mais com aplicações indexadas ao IGP-M. Há alguns anos, o Tesouro Nacional disponibilizava títulos atrelados ao índice por meio do programa Tesouro Direto, mas a comercialização das NTN-Cs (Notas do Tesouro Nacional – Série C) foi interrompida. “O Governo fez uma desindexação do IGP-M para o IPCA”, afirma o sócio e gestor de renda fixa da Leme Investimentos, Paulo Petrassi.

Para quem comprou as NTN-C há muito tempo, ele recomenda que deixe na carteira. “Quem tinha pode segurar tranquilamente, porque tem a garantia do câmbio. Uma desvalorização muito forte do real automaticamente impacta no IGP-M, então é uma proteção contra um dólar muito forte. Eu, se fosse investidor e estivesse com este título de 5 anos que eu manteria”, afirma Petrassi.

Esse impacto do câmbio no índice acontece porque a maior parte do cálculo é baseada na variação dos preços no atacado, que refletem as variações no dólar mais rapidamente. No cenário atual, o indicador deve se manter forte por um bom tempo, na opinião do gerente de renda fixa da Um Investimentos, André Mallet. “O governo tende a manter a moeda desvalorizada para ganhar competitividade no comércio exterior”, acredita.

Mais risco
Com o fim da comercialização das NTN-C, ficou mais difícil para o investidor conseguir se atrelar a este indicador por meio de um ativo tão seguro quanto o título soberano. “Hoje em dia você não consegue investir em IGP-M com a segurança que tinha no passado, com os títulos públicos”, aponta Petrassi.

O gerente da Um Investimentos concorda. “É difícil você encontrar atualmente um ativo seguro, com rating (classificação de risco) AAA, que esteja atrelado ao IGP-M”, diz. Ele lembra que algumas instituições podem até oferecer ativos indexados à inflação medida pela FGV, mas o investidor vai ter um retorno baixo. “Às vezes você pode até encontrar alguém ofertando um ativo que paga IGP-M, mas com certeza o prêmio (juros prefixados pagos além do indexador) vai ser bem pequeno, para compensar”, afirma.

Segundo ele, para conseguir um retorno alto, o investidor vai precisar correr mais risco. “Será que esta empresa que está oferecendo uma debênture com rentabilidade no IGP-M, ou o banco que emite títulos que remuneram por meio deste indicador não vão enfrentar problemas? É preciso se atentar para isso”, aconselha.

Investimentos em imóveis
Uma forma de ganhar com a elevação do IGP-M de uma maneira mais segura é investindo em imóveis, ou em fundos imobiliários, com objetivo de receber renda por meio do aluguel. Isto porque o contrato é corrigido com base neste indicador, o que pode garantir ao investidor uma rentabilidade interessante em tempos de dólar elevado.

Entretanto, o economista e autor do livro “Imóveis: seu guia para fazer da compra e venda um grande negócio”, Luiz Calado, afirma que o investidor deve ter cautela. “O IGP-M está instável. Acho muito precipitado investir em imóveis apenas por conta do indexador”, aponta.

Além da compra direta ou da aquisição de cotas de fundos que investem em imóveis, você também pode adquirir cotas de fundos imobiliários que compram CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) de primeira linha, que na maioria dos casos remuneram com base no IGP-M. Entre estes fundos estão o o XP Gaia Lote 1 (XPGA11), o Excellence (FEXC11), e o Fator Veritá, negociado na BM&FBovespa sob o código VRTA11.

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