Design arrojado, iluminação intimista e opções de lazer que fazem você não querer sair de casa. Mais do que um produto, materiais publicitários de imóveis novos vendem um estilo de vida. Mas na hora de comprar um apartamento na planta não é prudente ceder ao apelo emocional. Na prática, garantir que o folheto se concretize na entrega das chaves demanda atenção e dá trabalho.

Para o empresário Josiel Silvano, a precaução não é à toa. Ele acompanhou a experiência da sua mulher, que comprou um imóvel na planta e há oito anos briga por sua conclusão. “A empresa faliu e não entregou. Agora, nós vamos pesquisar sobre a construtora e o capital da empresa antes de fechar um negócio”, conta.

Fundador da incorporadora Huma, uma das responsáveis pelo empreendimento Forma Itaim, em São Paulo, Rafael Rossi destaca a complexidade da aquisição. “É importante comparar preços, mas apartamento não é commodity. Barato não é sinônimo de bom negócio.”

Além do preço, ele sugere conhecer o entorno do imóvel e a credibilidade das empresas envolvidas. “É bom visitar obras prontas, conversar com antigos clientes e ver se há reclamações em sites. Quanto à localização, é preciso saber se a região é segura e se há infraestrutura.”

Em média, o processo de pesquisa e visitação de estandes de lançamentos demora seis meses, como explica o diretor de desenvolvimento da imobiliária Fernandez Mera, Marcelo Moralles. “Hoje, a informação é aberta ao público. As incorporadoras demonstram balanços da sua situação financeira e é possível checar a solidez da empresa”, diz.

Ele ressalta, ainda, que o cliente vai ao estande de lançamento para confirmar toda a análise que fez e afinar a negociação.

Estandes de lançamento não oferecem só maquetes e ilustrações, mas também expõem um apartamento decorado para que o potencial comprador visualize o apartamento. No entanto, na hora de fazer negócio é preciso verificar o que realmente faz parte do contrato.

“O decorado nada mais é do que uma demonstração. Quando você compra um carro, a concessionária lhe mostra o modelo completo. Com imóveis, é a mesma coisa”, avisa Moralles.

Há empreendimentos que oferecem alternativas de acabamento conforme o orçamento do comprador. De acordo com o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-SP), José Augusto Viana Neto, é essencial ler com atenção o memorial descritivo, documento que enumera e detalha todos os itens da compra e os materiais a serem usados. “O apartamento padrão nem sempre corresponde ao que está no memorial. Os acabamentos podem variar bastante”, alerta.

Imóveis na planta permitem certa personalização do ambiente. Porém, nem todos comportam mudanças significativas. O ideal é perguntar ao corretor o que pode ser alterado e checar se essas informações constam no contrato.

No caso de ar-condicionado e exaustor, por exemplo, deve-se saber se há infraestrutura prevista. Com relação a churrasqueiras, a tendência atual é que o empreendimento ofereça o equipamento e a chaminé. No entanto, existem casos em que apenas a preparação para uma instalação futura consta no projeto, o que significa mais custo no futuro.

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Post originalmente publicado em Estadão.

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