Gosto muito de jogar xadrez.
É um jogo que além de distrair, exercita o cérebro e é também uma excelente alegoria da vida pessoal e pode ser aplicado a várias áreas profissionais, sendo uma delas o mercado imobiliário.
Mesmo se você não joga xadrez é possível que saiba que cada uma das peças possui uma característica de utilização, atribuindo-lhes posições estratégicas, ora permitindo o ataque, ora defendendo. Cada uma dessas peças tem seu grau de destaque, sendo o rei a mais importante delas, determinante para o fim de uma partida.
Ao iniciar uma nova partida em qualquer que seja o lado do tabuleiro, cavalos, bispos e torres existem aos pares posicionados ao lado de um rei e de uma rainha. Logo à frente deles, posicionam-se oito peões, com importância e movimentos limitados em comparação às demais peças que, geralmente, decidem o jogo.
Para quem começa a jogar xadrez, o peão parece sim limitado, quase sempre movimenta-se apenas uma casa por jogada, não consegue avançar se tiver à sua frente um obstáculo adversário, serve quase sempre de isca para uma jogada que se desenvolve com o objetivo de ganhar espaço do adversário.
Mas o peão pode ser muito mais que a linha de proteção para peças mais nobres. Bem posicionado, ele é decisivo para que seu time avance no jogo, anda sempre em frente, busca sempre o avanço e nunca retrocede em seu caminho. E por não retroceder, o peão que mesmo com sua locomoção limitada, consegue chegar até a última casa do tabuleiro ganha promoção, pode escolher sua nova função e ser ainda mais decisivo.
Pois bem, o peão é uma peça fundamental no xadrez e justamente pela sua importância é que faço uma analogia com o mercado imobiliário.
O mercado imobiliário é constituído de uma grande diversidade de profissionais que juntos desenvolvem projetos para o consumidor e cria campanhas para toda a equipe de vendas. Neste processo são contratados serviços de construção, limpeza, informática, logística, eventos, enfim, é praticamente incontável toda a cadeia que compõe o sistema em torno do mercado imobiliário.
E do desempenho de quem depende todo este sistema? Em quem as áreas de atendimento, marketing, inteligência de mercado, desenvolvimento de produto, departamento jurídico, entre outros, depositam suas expectativas de sucesso?
Tal qual o peão no jogo de xadrez, o corretor de imóveis cumpre um papel importante e decisivo no tabuleiro imobiliário. É dele a responsabilidade de estar à frente de toda a estratégia de marketing que envolve um empreendimento ou uma campanha.
É ele quem tem o contato real com o possível comprador, além de ser dele, corretor, a origem das informações mais confiáveis a respeito do atendimento e resultado.
Talvez seja por isto que tantas pessoas falam na capacitação do corretor de imóveis como solução para a queda de vendas no mercado imobiliário. Sobretudo, em um período em que a economia impõe uma velocidade menor na venda de imóveis, me espanta a quantidade de pessoas oferecendo soluções mágicas para corretores.
Eu sinceramente acredito que existam colegas desqualificados ou atrasados com relação à utilização de técnicas de vendas, atendimento e tecnologia. O boom imobiliário também atraiu muita gente que estava muito mais interessada em comissões do que em uma carreira profissional.
Mas acredito que isso não é um privilégio dos corretores.
Muitas vezes eu vi ações de marketing inadequadas ao público de um empreendimento e mesmo assim, corretores construíram um histórico de sucesso. Nunca vi ninguém dizer que agências, arquitetos, paisagistas e profissionais de marketing precisam se reciclar, criar imóveis mais adequados à demanda.
Ao contrário, salvo exceções, vemos na maioria das vezes as mesmas fórmulas, as mesmas imagens aplicadas em vários e vários projetos e o resultado é quase sempre o de ‘déjà vu’ no cliente. E cabe ao corretor a tarefa de reverter o quadro, transformando objeção em vendas.
Vejo com muito bons olhos que, passada a euforia do boom imobiliário, sobraram no mercado profissionais mais bem preparados, capazes de prospectar futuros clientes, realizar um atendimento de qualidade e de conduzir uma intermediação do início ao fim. E isto não quer dizer que não seja preciso o aperfeiçoamento e a reciclagem constantes, comuns a todas as carreiras.
Eu tenho muito orgulho de ter encarado a profissão de corretor de imóveis como uma carreira.
Fui coordenador, gerente, diretor de departamento on-line. Foi o período em que mais adquiri conhecimento em minha vida, fiz vários cursos e, todos eles, me conduziram até o momento de hoje, quando trabalho produzindo conteúdo para corretores e imobiliárias no Guru do Corretor, canal do Portal VivaReal.
Sou a prova de que o peão é determinado a crescer, melhorar sempre, ser promovido e decidir a partida.
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