Levantamento feito pela Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio) em 2012 aponta que foram lançadas na cidade de São Paulo 2.818 unidades residenciais com menos de 35 m² de área, o que equivale a um aumento de mais de 16 vezes em relação a 2008, quando os lançamentos totalizaram 169 unidades.
Para Odair Senra, vice-presidente de Imobiliário do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo), essa é uma tendência em todo lugar que tem adensamento populacional, pois os terrenos ficam escassos e as pessoas querem morar em bairros bem localizados, por conta da facilidade de transporte, estilo de vida, conforto e segurança e, por isso, abrem mão de mais espaço.
“Isso é viável porque as pessoas usam o apartamento para ficar o menor tempo possível e passam o resto do dia trabalhando, no clube, na escola ou no parque”, avalia Senra.
Ele lembra que isso já ocorre há tempos em cidades como Tóquio, Paris e Nova York. “Funciona mais para pessoas que moram sozinhas ou casais sem filhos”, acredita.
Senra conta que, já na década de 1980, quando trabalhava na construtora Gomes de Almeida Fernandes, atualmente Gafisa, foi lançado um edifício na Rua Pedroso Alvarenga com quitinetes que tinham em torno de 25 m².
“Na época, o empreendimento foi bem sucedido, vendemos os imóveis equipados com fogão, geladeira e cortina elétrica”, recorda.
Andrea Possi, diretora de Incorporação da MAC Construtora e Incorporadora, diz que o mercado para produtos compactos com localização estratégica e serviços inclusos está em alta, pois os moradores das grandes metrópoles estão em constante busca por qualidade de vida, desejam evitar horas perdidas no trânsito e querem dedicar mais tempo para lazer e saúde.
“Para isso procuram morar próximo ao local de trabalho, em um bairro de fácil acesso e com grande oferta de transporte público, principalmente próximo a estações de metrô.”
Alexandre Lafer Frankel, sócio-diretor presidente da construtora Vitacon, disse que a empresa, que está no mercado desde 2009, tem hoje mais de 30 empreendimentos neste segmento. “Nosso primeiro empreendimento tinha apartamentos de 43 m² e hoje chegamos a um com unidades de 19 m²”, afirma.
“Percebemos que existe uma mudança no estilo de vida das pessoas, que estão trocandoapartamentos grandes e distantes por unidades menores e mais próximas ao centro da cidade.”
Os compradores desses imóveis, em sua maioria, são pessoas que buscam mais facilidade. “Em primeiro lugar, é um público jovem, solteiro. Mas também há idosos, casais sem filhos e até casais com filhos, para os quais temos imóveis com 45 m² ou 49 m²”, diz.
Nesses edifícios, normalmente há lobbies que funcionam como extensão da casa ou espaço de trabalho, onde as pessoas podem se conectar, há academias de nível profissional, espaço para festas, brinquedoteca, playground e até espaço de recreação onde profissionais cuidam das crianças quando os pais não estão presentes.
Segundo Frankel, o segredo é usar esses apartamentos de forma inteligente. Cada cômodo é transformado em várias soluções, as cozinhas são inteligentes. “Os ambientes podem se transformar com a ajuda de móveis versáteis e o imóvel tem a vantagem de gerar menos custos com manutenção, IPTU, condomínio e empregada. A cultura evoluiu”, avalia.
Segundo ele, a maior procura é por edifícios localizados perto de malhas de transporte e os preços podem variar de R$ 8.000 o metro quadrado, na região da Saúde, por exemplo, para um imóvel de 31 m², até R$ 19 mil o metro quadrado.
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Post originalmente publicado em Zap Imóveis.
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