Para se comprar um imóvel nas duas das principais cidades do país é preciso perder um bom tempo para pesquisar e encontrar a casa própria com o melhor custo-benefício.
Segundo dados do último Índice FipeZap, a variação nos valores anunciados do metro quadrado em São Paulo no último mês de junho chegou a 301,37%. Isso significa uma diferença de até quatro vezes entre os imóveis mais baratos e os menos acessíveis.
Para se morar no bairro mais caro da cidade, na Vila Nova Conceição, zona sul da Capital, é necessário pagar R$ 12.836, em média, bem acima dos valores encontrados em Guaianazes, na zona leste, que tem o metro quadrado paulistano mais barato (R$ 3.198).
Já no Rio de Janeiro, a distância nos preços anunciados supera os 1.000% entre um imóvel no Leblon e outro na Pavuna. São R$ 22.051, em média, no bairro da zona sul carioca, ante os R$ 1.945 cobrados na parte norte do município. Uma diferença de 11 vezes nos valores.
“É uma combinação de fatores para entendermos essas grandes diferenças nos preços dos imóveis. Questões socioeconômicas, geográficas, estrutura social, enfim, tudo influencia para esse abismo entre os mais caros e os mais baratos”, aponta Eduardo Zylberstajn, coordenador do FipeZap.
Ainda segundo o índice, o fator regional é um dos aspectos que mais determina qual patamar estarão os preços do metro quadrado. Em São Paulo, por exemplo, dos 10 bairros mais caros da cidade, cinco pertencem à zona sul (Vila Nova Conceição, Vila Olímpia, Ibirapuera, Brooklin e Moema) e outros cinco à zona oeste (Jardim Paulistano, Jardim Europa, Itaim, Alto de Pinheiros e Jardins).
Já entre os 10 lugares com imóveis mais baratos, oito são da zona leste (Vila Carmosina, Parque do Carmo, Cangaíba, Vila Jacuí, São Miguel Paulista, Itaquera, Artur Alvim e Guaianazes), um da zona norte (Jaraguá) e outro da zona sul (Grajaú).
No Rio, a concentração dos imóveis mais caros está toda na zona sul da cidade. Os 10 bairros com maior metro quadrado anunciado ficam naquela região: Leblon, Ipanema, Lagoa, Gávea, Jardim Botânico, Urca, Leme, Humaitá, Copacabana e São Conrado.
Já entre os mais acessíveis, com exceção de Benfica, situada na parte central, e Realengo, que fica na zona oeste, os demais bairros com imóveis deste perfil são localizados na zona norte carioca.
“É o que chamamos de correlação espacial. Ou seja, a casa do meu vizinho influencia no preço da minha casa. Os bairros com mais violência e com menos equipamentos sociais, por exemplo, acabam contando com os imóveis mais baratos. Esta grande diferença de preços só reforça a ideia da desigualdade social que há nestas cidades”, completa Zylberstajn.
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