Os consumidores ricos também procuram financiamento para comprar imóveis de luxo. A procura de crédito imobiliário por parte de clientes de alta renda também tem aumentado nos últimos anos. O objetivo é guardar dinheiro para reforma e investimentos.
Um levantamento feito pela imobiliária Coelho da Fonseca mostra que houve um aumento de 686% na quantidade de financiamentos de imóveis acima de R$ 1 milhão.
A pesquisa compara os financiamentos concedidos pelo banco Itaú para clientes da imobiliária no primeiro trimestre de 2009 e nos primeiros três meses de 2013. A Coelho da Fonseca é especializada na venda de imóveis de luxo, que estão localizados principalmente nas regiões oeste e sul da cidade de São Paulo.
Considerando os valores totais negociados, segundo a mesma pesquisa, o crescimento foi de 1.362% no mesmo período. A empresa não divulga o valor emprestado nem o número de imóveis financiados, apenas a variação.
Considerando-se imóveis de valor acima de R$ 2 milhões, o número de financiamentos subiu 200% no mesmo período e os valores financiados aumentaram 314%.
Maioria tinha a intenção de pagar à vista
“Os dados mostram que 76% dos nossos clientes que fizeram financiamentos queriam, inicialmente, fazer a compra à vista. O que está havendo é uma mudança cultural: as pessoas estão percebendo que o financiamento pode ser interessante”, diz Cláudio Costa, diretor de financiamentos da Coelho da Fonseca.
Segundo Costa, 33% dos clientes que acabaram optando pelo financiamento usaram o dinheiro que tinham guardado para realizar uma reforma ou decorar o novo imóvel.
Foi esse o destino que o empresário César Augusto Cezar deu às suas economias. Há pouco mais de um mês, ele comprou um apartamento avaliado em R$ 1,5 milhão na zona oeste de São Paulo.
“Eu não tinha ideia de financiar nem de adquirir um imóvel de R$ 1,5 milhão. Pensava em R$ 1,2 milhão no máximo. Mas acabei achando um imóvel muito bom por um valor maior e resolvi aproveitar a oportunidade para financiar”, diz Cezar.
Ele financiou, no total, R$ 800 mil pelo período de 30 anos. Usou o dinheiro que tinha obtido com a venda de outro imóvel para dar a entrada e gastar com a reforma do apartamento novo. Para o empresário, a taxa de 8,4% ao ano a que teve acesso foi um atrativo.
Bancos cobiçam clientes de alta renda
O financiamento de imóveis acima de R$ 500 mil é feito fora do Sistema Financeiro de Habitação (SFH), que tem taxas mais baixas e ficou no foco dos bancos e do governo nos últimos anos.
A Caixa Econômica Federal cobra taxas que vão de 8,4% a 9,4% ao ano para financiar imóveis acima de R$ 500 mil. No Bradesco, a taxa média é de 10,5% ao ano para imóveis de até R$ 4 milhões. O HSBC cobra taxa média de 13% anuais para imóveis de mais de R$ 500 mil.
No Itaú, as taxas variam de acordo com o histórico de relacionamento do cliente com o banco. Na prática, essa é a estratégia usada pelas outras instituições também.
Esse é um fator que acaba favorecendo os clientes de alta renda, que costumam contratar outros produtos, como seguros, e fazer investimentos na mesma instituição.
“A fidelização do público de alto padrão é extremamente cobiçada”, diz o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de São Paulo (Creci-SP), José Augusto Vianna Neto.
Para Vianna Neto, o público de alta renda também tem visto, no financiamento de imóveis, uma saída para resolver outras necessidades.
“O crédito imobiliário é mais fácil de ser negociado com o banco do que um crédito para uma empresa, por exemplo. Existem muitas pessoas que pegam o crédito e usam o dinheiro que sobrou para investir na própria empresa”, afirma.
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