Por: Altair Santos
A aposta do país, feita no período de 2008 a 2012, de crescer à base do endividamento da classe média, é uma fórmula esgotada, segundo avaliam especialistas. A solução, a partir de 2013, será concentrar esforços para aumentar a produtividade e a competitividade da indústria nacional. É desta tese que compartilham Evaldo Alves, da Fundação Getúlio Vargas, e Renato de Castro Garcia, da Fundação Vanzolini. “A economia brasileira está encolhendo por conta desta baixa produtividade. Portanto, a questão da produtividade vai ser colocada naturalmente no centro das preocupações. Ela é a única ferramenta para a expansão sustentável do crescimento”, avalia Evaldo Alves.
Para o professor Renato de Castro Garcia, para que o estímulo à produtividade encontre um ambiente favorável no Brasil será preciso que as empresas aproveitem as medidas governamentais para aumentar a eficiência. “O governo tem buscado incentivos através da desoneração da folha de pagamento, da redução de juros e do barateamento do custo da energia. São medidas que poderão trazer resultados significativos, desde que o setor industrial, principalmente, retome o nível de investimento. Por outro lado, não se pode ignorar que as decisões de consumo estão comprometidas pelo elevado endividamento das famílias”, destaca.
Evaldo Alves reforça que é preciso saber dividir o protagonismo do setor privado e do setor público. Para ele, o governo precisa dar mais estímulo às Parcerias Público Privada (PPPs) para alavancar a infraestrutura do país nos setores de energia, comunicação e transporte. Já as empresas precisam melhorar a eficiência produtiva, gerando produtos com mais qualidade e preços mais competitivos. “A produtividade deve ser um desafio permanente, mas precisa ser acompanhada por iniciativas do governo, cuja função é melhorar a plataforma produtiva em termos de infraestrutura, energia, comunicação e transporte”, ressalta o economista da Fundação Getúlio Vargas.
Especificamente para a construção civil, os economistas avaliam que o programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) continuará como o principal propulsor para a produtividade do setor. Segundo eles, por uma razão simples: o MCMV tem recursos permanentes para sua implementação, oriundos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e da poupança. Bem diferente das previsões feitas pelos especialistas para os programas PAC e Brasil Maior. “É preciso melhorar a capacidade gerencial do governo para que esses programas decolem. Existem recursos, mas falta planejamento”, diz Evaldo Alves. “Também preciso destacar que esses programas (PAC e Brasil Maior) são medidas paliativas que pouco influenciam na produtividade das empresas”, completa Renato de Castro Garcia.
Na opinião dos especialistas, mais do que criar programas o governo deveria ser menos intervencionista para incentivar a produtividade. “Todo intervencionismo provoca uma retração dos investidores, que ficam com receio de serem obstaculizados e verem prejudicado a taxa de lucro, que é a base de todo o sistema econômico do mercado”, avaliam. Ainda de acordo com os economistas, quanto mais amigável a plataforma econômica mais ela abrirá caminho para a produtividade. “A empresas buscam marcos regulatórios transparentes. Normalmente, num ambiente assim, a produtividade prolifera”, explica Evaldo Alves.
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