Um dos maiores desafios da sociedade moderna é equilibrar a vida financeira. Com prestações que incluem 30% da renda, organizar o orçamento a partir da hora que é realizada a compra da casa própria é o desafio para os recém-casados.
Quebrar paradigmas é necessário para aliar investimentos, economia e bem estar. Sobre o assunto conversamos com Gustavo Cerbasi, consultor financeiro e sócio do comparador de produtos financeiros Canal do Crédito. Cerbasi também escreveu livros voltados às finanças pessoais e educação financeira, como Casais Inteligentes Enriquecem Juntos.
A compra da casa própria envolve um bom planejamento financeiro . Em sua opinião, o que é ser bem sucedido na administração de finanças para a compra da casa própria?
As pessoas costumam planejar a compra da casa própria pensando se o momento é bom para a compra. Normalmente esquecem que quando se diz que o mercado está bom, estamos falando de uma média de mercado, que não é uniforme. Sempre haverá uma oportunidade e sempre haverá uma escolha. Não é interessante pensar em prazo para comprar imóvel.
Em minha opinião, acho um erro casais recém-casados, em uma faixa etária de 33 anos comprarem logo o imóvel. Esta é uma fase da vida em que se esperam muitas mudanças, seja de emprego, ter ou não ter filhos, por isso é aconselhável esperar para realizar um financiamento.
Muitas pessoas ainda invertem as escolhas e isso possibilita que o casal esteja engessado financeiramente e também em outros aspectos. É capaz de não ousar em sair do emprego com receio de que não possa dar certo. Por isso é recomendado manter-se flexível. Em um primeiro momento, o casal pode iniciar uma vida alugando um apartamento menor e assim ir se ajustando às necessidades que a carreira demandar.
Isso futuramente facilitará a compra de imóveis. As dificuldades em realizar isso também decorrem da preocupação do jovem em corresponder ao que a sociedade espera do casal.
Como consultor , quais os principais erros que você observa no planejamento das finanças pessoais para a aquisição do imóvel?
O primeiro erro é a falta de conversa sobre o assunto entre o casal. O debate sobre este assunto já acontece no ambiente de compra, durante a visita ao empreendimento onde o casal já se submete ao processo de sedução. É importante essa reflexão ocorrer de uma forma tranquila.
O segundo grande erro está na ordem das escolhas. O casal se vê diante de um aumento de salário e começa a pensar quanto será o gasto com a moradia, o carro, enfim em toda a burocracia do orçamento, deixando em segundo plano o quanto é preciso para poupar no futuro e isso é um erro. As famílias hoje tem um orçamento muito engessado, que funciona direitinho para pagar as prestações, mas que não está preparado para os imprevistos.
Também é necessário desde o início investir em quanto gastar com a qualidade de vida. Perpetuar hábitos que fazem as pessoas felizes. Durante a vida, precisamos de recompensa. Casa, carro são recompensadores no momento da escolha e da quitação então precisamos investir nesses bons hábitos para estimular nossa qualidade de vida durante todo esse período.
Como conciliar gastos entre compra do imóvel e outras despesas da casa, como estudos, automóvel, ou filhos?
Se o casal sente que o dinheiro está faltando, isso significa que raramente se consegue fazer uma poupança e o padrão de vida pode estar alto demais.
A primeira reação é economizar no jantar fora, no cafezinho, e as frequentes fontes de bem estar que o casal tem na vida. Mas acho mais interessante mudar um grande gasto. Por que não trocar um carro para outro 20% mais barato ou se isto não for suficiente, que se faça a mesma coisa com o imóvel. Por que não mudar de uma casa para um padrão mais simples? Assim, você nivela mais rapidamente seu orçamento.
A dificuldade em realizar estes procedimentos também está vinculada a uma questão filosófica. As pessoas ainda dão vazão demais à opinião de terceiros, ao que a sociedade espera. Investir em bem estar é um bom estímulo .E essa tranquilidade é muito prazerosa.
Sair do aluguel e comprar a casa própria é o desejo de praticamente todas as pessoas. Afinal, vale a pena pagar aluguel por mais tempo para economizar ou é melhor investir o mais rápido possível na compra do imóvel?
O aluguel de certa forma não é algo confortável, pois além de estar em um imóvel que não é seu, corre o risco de acontecer algo, como o dono querer o imóvel de volta. Pagá-lo por si só não faz sentido. Recomendo pensar nessa possibilidade como um fôlego para que haja tempo hábil de focar na construção da renda e na independência financeira, afinal a falta de estabilidade também é um desconforto. Não adianta em um primeiro momento comprar um imóvel grande, pagar por um metro quadrado que não está sendo utilizado e como mencionei anteriormente, viver com um orçamento engessado.
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