O número de famílias vivendo na mesma casa por falta de opção recuou 26,2% no país em 2011 devido ao programa Minha Casa, Minha Vida e às facilidades no acesso ao financiamento, com redução nos juros e alargamento nos prazos de pagamento.

A chamada coabitação involuntária caiu em 23 Estados e no Distrito Federal na comparação com 2009, segundo estudo da FGV (Fundação Getulio Vargas) elaborado para o SindusCon-SP (sindicato da indústria da construção civil) e obtido pela Folha.

Editoria de Arte/folhapress

“Há um componente subjetivo. Possibilidades concretas [de conseguir se mudar] mudam a perspectiva”, afirma Ana Maria Castelo, economista da FGV.

No Estado de São Paulo, que tem a maior quantidade de famílias (265,8 mil) compartilhando a mesma casa, mas com intenção de ter o próprio imóvel, houve redução de 30,9% nesse período. Em todo o Brasil, são 1,674 milhão.

“O preço da habitação é muito alto em São Paulo, por isso a coabitação é grande. É um fenômeno das regiões metropolitanas”, afirma Eduardo Zaidan, vice-presidente do SindusCon-SP.

Para ele, o mercado imobiliário está voltando à normalidade, depois do boom nos lançamentos e da disparada dos preços nos últimos anos.

SEM ALUGUEL

A nutricionista Zilda Nascimento, 45, dividiu uma casa com os quatro filhos e suas três irmãs por dois anos depois que se separou do ex-marido. Ela afirma que, apesar do desconforto, só conseguiu juntar dinheiro para dar a entrada em um imóvel porque não pagava aluguel.

Com a ajuda do subsídio do Minha Casa, Minha Vida -que usa recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço)-, comprou um apartamento de R$ 94 mil, em Osasco (SP), com financiamento em 25 anos. Desde 2009, quando foi lançado, o programa contabiliza 2,677 milhões de unidades contratadas, das quais 1,226 milhão foram entregues.

Considerando o crédito com recursos da poupança, o número de unidades financiadas saltou de 61,1 mil em 2005 para 453,2 mil em 2012.

Apesar do comprometimento de renda por um período que pode chegar a 35 anos, o alongamento da dívida é considerado positivo por José Pereira Gonçalves, especialista em mercado imobiliário.

O prazo é decisivo na hora da tomada do crédito, para reduzir o valor da prestação, mas, ressalta, os mutuários pagam o débito, em média, em menos da metade do tempo acordado no contrato.

Ainda assim, o estudo, feito a partir de informações da Pnad, do IBGE, mostra um deficit habitacional estimado em 3,352 milhões de moradias, sendo 1,674 milhão por coabitação involuntária e 1,677 milhão por condições inadequadas do imóvel.

O dado, porém, não inclui os domicílios em aglomerados subnormais (favelas) que já não estão dentro de um desses conceitos porque, a partir de 2011, a Pnad deixou de especificar onde estão os domicílios.

Zilda Nascimento, que morava com 4 filhos e 3 irmãs até conseguir comprar apartamento. (Fabio Braga/Folhapress)

 

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Post originalmente publicado em Folha Uol.

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