Sinais de queda de preço de imóveis já prontos na capital paulista têm dado alento a quem há alguns anos pretende comprar uma moradia em São Paulo e não consegue por causa dos valores.
De 2012 a 2013, considerando os cinco primeiros meses de cada ano, os preços caíram até 5% na maioria das regiões da cidade, de acordo com o Creci-SP (Conselho Regional dos Corretores de Imóveis).
A desvalorização está longe de reverter a alta recente no mercado, considerando que os valores subiram até 99%, de 2009 a 2012, também segundo o Creci -mas já é um alívio para quem tenta definir qual é o melhor momento para comprar.
Cenário favorece negociação de aluguéis
Para economistas e consultores ouvidos pela Folha, embora a queda de 2013 seja pontual, é, sim, favorável ao consumidor, que tem mais margem para negociar.
“Nos últimos anos, os preços dos imóveis usados subiram muito mais do que os novos, e, agora, ocorre uma correção”, diz Celso Amaral, diretor corporativo do Geoimovel, empresa de informações imobiliárias.
NO RITMO DA INFLAÇÃO
“Daqui para a frente, os valores devem subir no ritmo da inflação”, acrescenta.
Para Marcelo Prata, presidente do Canal do Crédito, site comparador de empréstimos, o aumento do preços dos imóveis em geral deve ficar agora entre 10% e 15% ao ano, em média.
Assim, para quem pretende trocar o aluguel pelo financiamento, o momento pode ser oportuno, acrescenta o educador financeiro Mauro Calil. “O aluguel é uma despesa que não se reverte na formação de patrimônio, ao contrário da parcela do financiamento”, diz.
“O cuidado que deve ser tomado na hora da compra é negociar o maior desconto possível e comparar o custo dos empréstimos em pelo menos dois bancos, além daquele em que se tem conta”, complementa Calil.
APOSTA
Embora pague aluguel hoje por um imóvel de cem metros quadrados nos Jardins, o advogado Fernando Costa, 34, não pretende, pelo menos por enquanto, trocar a despesa pelo financiamento.
Costa tem outra estratégia: deixar o dinheiro que tem atualmente (cerca de R$ 200 mil) em uma aplicação como o Tesouro Direto para aumentar o valor da entrada.
O advogado aposta em queda dos preços dos imóveis na região nos próximos quatro anos, apesar da previsão de economistas de alta ao menos no ritmo da inflação.
A simulação ao lado mostra que, para o plano de Costa ser vantajoso, o imóvel que ele deseja comprar no bairro -que hoje custa R$ 1 milhão- não pode ter reajuste nos próximos quatro anos.
Se subir 5% ao ano nesse período, menos que as previsões de mercado, o valor total gasto na compra será maior do que seria se o aluguel fosse substituído agora pelo financiamento imobiliário (veja quadro).
SEGUNDO IMÓVEL
Já para quem já tem um imóvel e está procurando outro para investir -seja para revender ou alugar-, pode valer mais a pena esperar por oportunidades melhores do que comprar agora.
“Os imóveis ainda estão com preços altos e assim fica mais difícil ter um retorno financeiro que compense o investimento”, diz Valter Police, planejador financeiro.
“Para investir, é preciso, antes da compra, pesquisar bem o perfil do imóvel desejado e se há demanda suficiente na região por aquele bem -como inquilinos e compradores em potencial.”
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