Quando resolveu reformar seu apartamento em Higienópolis, o dentista Sérgio Funari contratou o designer de interiores Gustavo Calazans, que já venceu um prêmio Planeta Casa e outro do Museu da Casa Brasileira. Uma questão determinou a escolha: Funari queria fazer a obra sem causar impacto ambiental.
As soluções foram simples e bastante eficientes. A pintura de algumas paredes, por exemplo, foram descascadas, deixando tijolos expostos. Isso traz facilidades e economia na manutenção da residência, uma vez que paredes não precisam ser pintadas de tempos em tempos.
Para empresas de médio e grande portes, investir em um modelo sustentável também esbarra em duas questões importantes: marketing e produtividade. “Nós vendemos produtos sustentáveis e, na hora de ocupar um edifício, não poderíamos fazer uma escolha diferente”, diz Luciano Bonin, diretor de marketing da Interface, empresa que produz carpetes ecológicos.A escolha de um piso de fórmica também evitou a remoção do assoalho antigo. Essa opção foi desenvolvida para ser colada diretamente no piso que teria de ser removido, o que evitou produção de entulhos, um dos grandes vilões dos empreendimentos que não primam pela preservação.
A empresa ocupou um imóvel na Vila Olímpia com selo Leed. Os benefícios, diz Luciano, são vários. Além da economia de luz e água, ele diz que sente mais disposição entre seus funcionários.
Como o selo exige uma manutenção específica para ar-condicionado, por exemplo, o índice de problemas respiratórios e de gripes caiu significativamente. “Desde setembro, quando nos mudamos para cá, não houve um pedido sequer de licença”, diz.
Funcionários da empresa também têm de se adequar a uma nova vida. O uso de bicicleta e de transporte público é incentivado “na medida do possível”, uma vez que São Paulo é uma cidade “caótica”. Mas beber água, lá dentro, só em copos de vidro, que são lavados e repostos constantemente.
AMBIENTE SAUDÁVEL
Apostar em verde, portanto, também atrai funcionários “mais talentosos”. Essa é a percepção de Anderson Benite, diretor financeiro do CTE (Centro de Tecnologia em Edificações), que presta consultoria para obtenção de selos verdes. “É uma espécie de marketing interno. Há casos de funcionários que preferem ganhar um pouco menos e viver em um ambiente de trabalho mais saudável”, diz.
Segundo Roberto Aflalo, do escritório Aflalo & Gasperini, que projetou o edifício certificado Eldorado Business Tower, o selo é apenas uma forma de fazer a avaliação do imóvel. “É possível fazer um empreendimento verde sem selo, claro. A certificação apenas estabelece um modelo de comparação.”
Para ele, quem optar por um verde precisa, além de tudo, se certificar da origem dos materiais escolhidos. “Não vale apenas ser sustentável. É preciso certificar-se da energia que aquele material consome para ser produzido. E também da distância entre seu ponto de origem e a obra.” Materiais trazidos de pontos muito distantes contribuem para a emissão de carbono e o consumo de petróleo.
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